quarta-feira, 6 de abril de 2016

Em tempos de tempestade, orar, vigiar e estudar são os melhores remédios...



Procuremos, agora, ilustrar, entre os defeitos que mais comumente manifestam-se em nós, o orgulho e a vaidade. Busquemos tranqüilamente conhecê-los, tão profundamente quanto possível, sem mascarar os seus impulsos dentro de nós mesmos. Entendamos que a tolerância começa de nós para nós mesmos. Assim, o nosso trabalho de prospecção interior é suave, e não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos. Vamos, então, trazer aos níveis de nossa consciência aquelas manifestações impulsivas que nos dominam de certo modo, e que, progressivamente, desejamos controlar.

Vejamos, então, como identificar em nós o orgulho e a vaidade.

Orgulho

“Aquele que fio encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando fio os pode satisfazer, enquanto que aquele que fio se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, para os outros, constituiria infortúnio.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo 1. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.).

“O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa re­baixar, e a vos considerardes, ao contrário, tão acima dós vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. E o que acontece, então? Entregai-vos à cólera.”
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo Q Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera.).

As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:

1. Amor-próprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;
2. Reage explosivarnente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento;
3. Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias;
4. Não aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo;
5. Menospreza as idéias do próximo;
6. Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfação presunçosa, como que se reafirmando na sua importância pessoal;
7. Preocupa-se muito com a sua aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
8. Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si;
9. Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa ati­tude um traço de fraqueza e falta de personalidade;
10. Usa da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiões de contendas.

Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusória, de destaque social ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade do seu próprio interior. Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito de ordem familiar, limitações da sua formação escolar-educacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade da imagem que escolheu para si mesmo, do papel que deseja desempenhar na vida de “status”.

E preferível nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nos­sa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores: os tesouros eternos que “a traça não come nem a ferrugem corrói! “.

Vaidade

“O homem, pois, em grande número de casos,é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.”

(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo V. Bem-aventurados os Aflitos. Causas Atuais das Aflições.)

A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:

1. Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falai demasiado);
2. Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza;
3. Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;
4. Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;
5. Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;
6. Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;
7. Obstrução mental na capacidade de se auto-analisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.

A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós. Dela os espíritos inferiores se servem para abrir caminhos às perturbações entre os próprios amigos e familiares. É muito sutil a manifestação da vaidade no nosso íntimo e não é pequeno o esforço que devemos desenvolver na vigilância, para não sermos vítimas daquelas influências que encontram apoio nesse nosso defeito. De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certa­mente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.

A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu. Isto é, a aparência, os gestos, o palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a atenção, e isso agrada o intérprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado, comentado, “badalado”. No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores desencadeados na infância e na adolescência. Fixações de imagens que, quando criança, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentação foram tomados como modelo a seguir.

O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.

O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. O Aprendiz do Evangelho terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranqüila, para aprofundar-se até as raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocar­se amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.

Fonte: Ney Prieto Peres

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Pranayama: Técnicas de Respiração


 A respiração é a conexão entre o corpo e a mente. Se a mente é uma pipa, então a respiração é a linha. Quanto mais longa a linha, mas alto a pipa consegue voar. — Sri Sri Ravi Shankar

Como todas as outras ações involuntárias que existem no corpo, a respiração é algo ao qual muitos de nós não dá a devida atenção. Quando acontece automaticamente de qualquer forma, porque se preocupar com ela?
A chave para uma vida feliz e saudável está na respiração adequada.
Nossa respiração determina nosso estado mental e corporal também. Para cada emoção ou padrão de pensamento, existe um diferente ritmo de respiração.
A maioria de nós respira preguiçosamente com o peito – tais respirações superficiais mandam um sinal para o cérebro de que algo está errado – e nos estressamos. Alternativamente, respirar com o abdômen estimula a respiração, assegura um rico suplemento de oxigênio para o cérebro e sinaliza que tudo está bem.
Como já mostramos anteriormente, quando cuidamos de nossa respiração ela pode nos curar de todas as nossas cicatrizes passadas e ansiedades futuras.

Prana: A Respiração da Vida
O antigo sistema indiano de yoga identificou o poder da respiração e aumentou sua eficiência através do desenvolvimento de técnicas de respiração especiais, mais conhecido como pranayama.
Os antigos yogis descrevem o prana como a energia vital e universal que distingue os vivos dos mortos. Conseguimos prana a partir da alimentação, do sono, da respiração e do estado positivo da mente. No entanto, a fonte de prana mais importante é a respiração – quando nossa respiração cessa, nós morremos.
Foi descoberto que a quantidade e a qualidade de prana e a forma como ele flui através das nadis (canais de energia sutil) determina o estado mental da pessoa.

Sua respiração é profunda ou superficial?
Devido a falta de atenção, os canais de energia de uma pessoa comum podem estar parcialmente bloqueados, deixando o fluxo de prana quebrado e intermitente. Isto resulta em um aumento das preocupações, medos, incertezas, conflitos, tensões e outras qualidades negativas.
Quando o nível de prana está alto e seu fluxo é contínuo, leve e estável, a mente fica calma, positiva e entusiasmada.

Alguns pranayamas populares que você pode tentar:
Os exercícios abaixo foram elaborados pelo projeto Art of Living, com base nos ensinamentos de Sri Sri Ravi Shankar.
Das técnicas de respiração, o pranayama Kapalbhati é considerado um dos mais importantes e eficientes para desintoxicar o corpo e limpar os canais de energia.

Kapalbhati: A Limpeza da Cabeça
1. Mantenha seus olhos fechados e sente-se com as pernas cruzadas.
2. Inspire profundamente e enquanto exala, puxe seus músculos abdominais para dentro, contraindo forçadamente seu estomago.
3. Faça isso por mais 20 ou 30 contagens, correlacionando cada contagem com uma inspiração e uma expiração. Isto completa um ciclo.
4. Faça três ciclos.
Precauções: Mulheres não devem fazer kapalbhati durante e um pouco depois da gravidez, por necessitar de contrações abdominais vigorosas.

Benefícios do Kapalbhati:
    • Ajuda a perder peso e acelera o metabolismo.
    • Limpa os canais, melhora a circulação e acrescenta brilho ao seu rosto.
    • Melhora o funcionamento do trato intestinal e a absorção e assimilação de nutrientes.
    • Leva a um abdômen firme e definido.
    • Estimula e eleva o estado mental.

  • Nadi Shodan: A Respiração das Narinas Alternadas
  • 1. Sente-se de pernas cruzadas (sukhasan) e com os olhos fechados.
    2. Mantenha sua palma esquerda em sua coxa esquerda, com seu polegar e indicador juntos.
    3. Coloque o polegar da mão direita no lado direito de seu nariz e o dedo anelar na narina esquerda. Seu indicador e dedo do meio podem tocar levemente seu terceiro olho (Ponto entre as sobrancelhas).
    4. Agora feche a narina direita com seu polegar e exale pela narina esquerda contando até oito.
    5. Sem mover seus dedos, inspire pela mesma narina contando até oito.
    6. Feche a narina esquerda com o anelar direito e abra e exale pela narina direita contando até oito.
    7. Agora inspire pela narina direita contando até oito.
    8. Feche a narina direita com o polegar. Abra e exale pela narina esquerda contando até oito, Isto conclui um ciclo. Continue alternando por mais nove ciclos.
    9. Finalmente, abaixe sua mão direita e coloque-a gentilmente em sua coxa direita.
    10. Respirando normalmente, mantenha seus olhos fechados e observe o efeito do pranayama em seu corpo e mente.

    ​Benefícios da Nadi Shodan:
    • Acalma os centros mentais trazendo equilíbrio entre os hemisférios direito e esquerdo do cérebro, que estão correlacionados ao lado lógico e ao lado emocional de nossa personalidade.
    • Funciona terapeuticamente para a maioria dos problemas circulatórios e respiratórios.
     Bhramri: Pranayama da Abelha
    1. Sente-se confortavelmente com seus olhos fechados. Feche seus ouvidos com seus polegares, colocando seus dedos indicadores na resta e os três dedos que sobraram levemente sobre as pálpebreas.
    2. Inspire profundamente e enquanto expira, faça o som do zumbido de uma abelha.
    3. Estenda o som o máximo que puder. Quando ficar sem ar, inspire novamente e continue com o som do zumbido da abelha. Continue por 5 a 10 minutos.
     Benefícios do Bhramri:
    • Tranquiliza a mente e alivia a dor de cabeça e enxaqueca.
    • Melhora a concentração.
    • Constrói confiança.
     Ujjaii: A Respiração Vitoriosa
    1. Você pode sentar-se em qualquer posição com as pernas cruzadas ou em vajrasana, e manter sua coluna e sua cabeça alinhadas.
    2. A respiração acontece por trás da garganta e gera um som sibilante.
    3. Inspire profundamente pela garganta e conte até quatro.
    4. Segure a respiração e conte até quatro.
    5. Expire pela garganta contando até seis.
    6. Segure a respiração contando até dois. Isto conclui um ciclo. Você pode repetir o ciclo mais 22 vezes.
    Precauções: Faça apenas o máximo que puder, não force. Esse tipo de respiração pode parecer estranha para muitos (na verdade ela acontece naturalmente quando estamos adormecidos e roncando), então é melhor começar devagar e manter a prática regular.
     Benefícios da Ujjaii:
    • Rejuvenesce o corpo inteiro.
    • Ajuda a eliminar o estresse.
    • Deixa a mente focada.
    • Desacelera o envelhecimento.

    Boa prática!

Veja mais em: http://despertarcoletivo.com/pranayama-tecnicas-de-respiracao/