quinta-feira, 5 de maio de 2011

A fé


Muitas pessoas dizem ter dificuldade com a fé, que a fé parece requerer algum tipo de submissão ou depositar toda a confiança numa outra pessoa.

Mas devemos considerar o assunto como um passo mais profundo, porque a questão da fé, em última instância, reduz-se à verdadeira natureza da nossa própria mente. Todos nós temos uma mente. Os ensinamentos buddhistas falam da essência da mente como tathagatagarbha, ou natureza búdica. O fato de que todos nós temos a essência significa que todos nós temos o potencial para nos tornarmos buddhas.

Como praticantes, estamos desenvolvendo os meios para alcançar o estado búddhico nesta vida. Nosso obstáculo mais fundamental é que não acreditamos realmente que as qualidades perfeitas dos três kayas do estado búddhico são o solo básico do nosso ser, a verdadeira natureza de nossas mentes.

Para usar uma analogia, há uma fé básica entre cultivadores de arroz de que se eles plantarem arroz, eles irão colher arroz. Isso pode soar prosaico, mas envolve, de fato, um senso de confiança. Eles sabem que no interstício eles terão que aguar, fertilizar, capinar e cultivar, mas eles estão confiantes de que se plantarem arroz irão colher arroz no final da estação.

Do mesmo modo, uma vez que reconheçamos o potencial que é o solo básico do nosso ser, entramos num processo de revelá-lo. Temos uma confiança básica de que aquilo com o que começamos é aquilo com o qual iremos terminar, exceto de que no final isso será mais evidente para nós. Assim como o fazendeiro deve passar pelo processo de plantar arroz e então cultivá-lo, devemos praticar meditação. Devemos cultivar os diferentes níveis do caminho com o conhecimento de que iremos revelar a natureza inerente do nosso ser como ela é - a perfeita completude dos três kayas. Quando temos esse tipo de convicção, isso indica a fé nos ensinamentos, a fé no caminho e a fé na meta.

Cultivar esse tipo de fé requer esforço. Quando o Buddha estava passando para o nirvana, suas últimas instruções para seus estudantes foram "Eu lhes mostrei o caminho da liberação. Sua própria liberação depende de seus próprios esforços".Talvez então, para aqueles que têm problema com a fé, é mais fácil pensar na mesma da perspectiva de nosso auto-esforço. O não reconhecimento de nosso despertar intrínseco nos impede de perceber diretamente essas qualidades inerentes. Ter convicção de que elas existem dentro de nós como nossa própria natureza verdadeira é o tipo de fé que precisamos desenvolver.





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